O(A) professor(a) de biologia, ou seja, o
futuro professor, deve ser uma pessoa curiosa, crítica, interessada na natureza
e nos seres vivos em geral, dotado de espirito investigativo, querendo sempre
entender como “as coisas” funcionam e manter-se sempre actualizado.
Bertelli 2010
Uma característica
básica do ser humano é o ponto de partida de todo trabalho científico: a curiosidade. O cientista trabalha numa
constante busca dos “porquês” e os “comos” de tudo que nos cerca.
O
fazer ciência exige mais do que a simples observação de factos, busca a
explicação de sua existência mas requerer as consequências de sua ocorrência. O
cientista além de acumular informações, indaga as relações entre os fatos observados
para possibilitar a compreensão da natureza e a aplicabilidade de suas
descobertas.
A
Biologia, como toda ciência, busca respostas e interpretações para o que ocorre
na natureza, ou seja, para os factos. A ciência começou a surgir, na Europa,
entre os séculos XV e XVI, durante o Renascimento. A própria palavra ciência
deriva do latim e significa conhecer, saber. A ciência é uma forma de
conhecimento que usa métodos rigorosos para explicar os fenómenos naturais.
Essa
busca do saber, do conhecer, entretanto, tem que ser feita com critério, e esse
critério é o método científico.
Os
cientistas são pessoas que fazem ciência e, como regra, têm grande capacidade
de observação e grande desejo de saber o porquê das coisas. São, assim, grandes
curiosos da natureza.
Observar é fundamental para se fazer ciência.
Os cientistas começam suas investigações dessa maneira. Observam criticamente
os factos e fazem perguntas sobre eles, buscando entendê-los. Depois de
feita a pergunta, procuram formular possíveis respostas. Essas
respostas são as hipóteses.
Ao
formularem uma hipótese, os cientistas procuram reunir várias informações
disponíveis sobre o assunto. Uma vez levantada a hipótese, eles fazem uma
dedução: prevêem o que pode acontecer se a hipótese for verdadeira.
Essa
dedução é testada mediante novas observações ou experimentações.
Isso permite que se tirem conclusões a respeito das deduções. Se confirmadas,
elas são aceitas; se não confirmadas, são rejeitadas e novas hipóteses são
formuladas para serem testadas.
Podemos citar as seguintes etapas do
método científico
1. Observação
O
cientista não deve apenas observar de forma contemplativa os factos, mas de
forma “crítica”. Assim é o início do fazer ciência, observando criticamente os
factos: fazendo perguntas sobre eles na tentativa de entendê-los.
2. Identificação de um problema
(Questionamento)
Através
de uma observação crítica e de perguntas pertinentes é possível isolar um
problema que espera solução. Problema:
é o centro daquilo que se pretende investigar. A decisão de investigar o
problema depende de ele ser testável.
3. Levantamento de dados: para entender o que se pretende
investigar, é necessário levantar informações relacionadas ao fenómeno.
4. Elaboração de uma hipótese
Após
a reunião de informações sobre um fenómeno, elas são rigorosamente analisadas e
interpretadas, levando o cientista a formular uma hipótese científico. A
hipótese científica se constitui numa tentativa de explicação do fenómeno. Não
é a solução definitiva.
Evidentemente,
uma hipótese científica não é um simples palpite, mas tem como base informações
já conhecidas sobre o assunto. Durante a sua formulação, o cientista analisa,
interpreta e reúne todas as informações disponíveis, processo conhecido como
“indução”.
5. Dedução
Uma
hipótese somente poderá ser aceita de passível de teste.
O
cientista, então, imagina a aplicabilidade da hipótese, se for verdadeira, e
suas consequências. Assim ele fará uma dedução, prevendo o que irá acontecer.
6. Experimentação científica
Teste
da dedução ou novas observações para testar a dedução. Ao se realizar a
experimentação, deve-se trabalhar com um grupo:
- Experimental: aquele em que se
promove alteração em um factor a ser testado, deixando todos os demais
factores sem alteração;
- Controle: que é submetido aos
factores sem nenhuma alteração. Assim, pode-se testar um factor por vez e
comparar os resultados obtidos no grupo experimental com o que foi obtido
no grupo controle. Ocorrendo diferenças entre os resultados do grupo
experimental e do controle, elas são atribuídas ao factor que está sendo
testado. Não ocorrendo diferenças, pode-se dizer que o factor analisado
não interfer no processo em estudo.
Experimentos
não se constituem, no entanto, no único caminho para se testarem hipóteses.
Elas também podem ser testadas pela simples observação ou pela análise da
consistência da seu lógica interna. O uso da matemática tem permitido a
realização de testes equivalentes aos da experimentação, baseados apenas na
observação.
6. Conclusão
Após
o teste da dedução através de novas observação ou experimentos, é possível
tirar conclusões a respeito da mesma. Se não for confirmada, é rejeitada e
novas deduções são formuladas para serem testadas. Se confirmada, ela será
aceita.
7. Publicação
As
descobertas e conclusões científicas são publicadas em revistas científicas,
nas quais o cientista descreve em detalhes a pesquisa realizada, como elaborou
e testou as hipóteses, e, como chegou às suas conclusões.
Um
trabalho científico deve ser claro o suficiente para que qualquer pessoa, com
os mesmos recursos do autor, possa repeti-lo e comprovar sua veracidade.
Todo
conhecimento para ser considerado científico deve ser tornado público, para que
seja acessível a todos.
8. Teoria
Se
uma hipótese for confirmada por grande número de experimentações, então ela
pode se tornar teoria, embora nunca
seja considerada verdade absoluta.
Um
aspecto importante da ciência é que os conhecimentos científicos mudam sempre,
e com base no método científico novas teorias são formuladas, muitas vezes
substituindo outras anteriormente aceitas. Uma teoria pode ser mudada frente a
novas descobertas. A teoria é um conjunto de conhecimentos mais amplo que
procura explicar fenómenos abrangentes da natureza, como é o caso da Teoria da
Gravitação Universal, que procura explicar os movimentos dos corpos com base na
força de gravidade.
Um
importante biólogo americano, Stephen J. Gould (1941-2002), escreveu: “os
factos são dados do mundo. As teorias são estruturas que explicam e interpretam
os factos. Os facto continuam a existir enquanto os cientistas debatem teorias
rivais para explica-los. A Teoria da Gravitação Universal de Einstein tomou o
lugar da de Newton, mas as maças não ficaram suspensas no ar, aguardando o
resultado.”.
Importante
Método: é o caminho a ser trilhado pelos
pesquisadores na busca do conhecimento.
Hipótese: consiste na tentativa de explicação de
um fenómeno isolado.
Teoria: é um conjunto de conhecimentos mais
amplos, que procura explicar fenómenos abrangentes na natureza. A teoria ou
sistema é a síntese de leis particulares ligadas por uma explicação comum.
Lei: é a comprovação científica da relação causa e efeito
prevista pela hipótese.
O método científico no cotidiano
O
método científico pode ser aplicado em várias situações de nosso dia-a-dia.
Vamos dar aqui apenas um exemplo, mas você pode citar muitos outros.
Suponhamos
a seguinte situação: o carro para de funcionar no meio da rua.
Esse
é um facto que ocorreu e que observamos. Agora, usando o método científico,
vamos tentar entender por que o carro parou.
§
Perqunta
ou questionamento: o que será que causou isso?
§
Hipótese: a gasolina deve ter acabado.
§
Verificação
da hipótese:
observar o marcador de combustível e verificar quantos quilómetros o carro
percorreu desde a última vez em que o tanque de combustível foi abastecido.
O marcador está no zero, e o carro
percorreu quilómetros suficientes para o combustível ter acabado.
Coloca-se combustível e o carro começa
a funcionar.
- Conclusão: a hipótese foi corroborada: a gasolina havia
acabado.
Outros exemplos:
Suponha
que você esteja em aula, na sua sala, e repentinamente você percebe fumaça
entrando pelo alto da janela, vinda do corredor. A janela é alta e você não
consegue observar do outro lado. Como você investigaria esse facto, utilizando
todas as etapas do método científico?
O
método científico no experimento de Redi: a carne podre gera “vermes”?
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