terça-feira, 29 de agosto de 2017

CAPÍTULO I: PROCESSOS IMPORTANTES QUE CARACTERIZAM A VIDA


ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
  • Estude cuidadosamente o manual da cadeira de Botânica Geral – Parte II. Pag.  48 – 68.
  • Consulte o blog da cadeira e busca no ícone estudante o resumo da aula do Cap. I.

Após a leitura deste capítulo, você deverá ser capaz de responder às seguintes questões (Auto-Avaliação):

PARTE A. COMPLETE. Escreva a palavra que completa de forma correcta cada uma das afirmações:
  1. Moléculas pequenas servem para sintetizar moléculas maiores num processo bioquímico conhecido como……………………………………………………..……………
  2. A reprodução que envolve um único progenitor é conhecida como……………..………
  3. O metabolismo destrutivo é conhecido como………………………………………………


PARTE B. ESCOLHA MÚLTIPLA. Assinale a alínea que corresponde à palavra que completa de forma correcta cada uma das frases:

  1. As actividades desempenhadas pelas células que têm como fim a libertação de energia são conhecidas como:
a)    Gotação;            b) Respiração;                      c) Digestão;                d) Assimilação

  1. Os resíduos da respiração celular são:
a)    CO2 e nitrogénio;     b) ureia e oxigénio;     c) digestão;   d) CO2 e vapor de água

  1. Todas as actividades bioquímicas do organismo estão incluídas na expressão:
a)    Anabolismo;        b) Atavismo;         c) Metabolismo;          d) Catabolismo


PARTE C. VERDADEIRO – FALSO. Quando a afirmação está correcta, escreva “verdadeiro”. Se a afirmação estiver incorrecta, muda a palavra sublinhada por uma que torne a expressão verdadeira:
  1. São necessários dois progenitores para o processo de reprodução assexuada.
  2. O anabolismo é um processo degradativo.
  3. Um macho pode dar origem a outros machos semelhantes a si próprio.



PARTE D. QUESTÕES PARA REFLECTIR (resposta curta, composição)

  1. Nascimento, crescimento, reprodução, envelhecimento e morte são característicos gerais dos seres vivos. Ouvindo essa definição, uma criança concluiu que o fogo é vivo: ele “nasce” a partir de uma faísca, “cresce” à medida que consome seu alimento (a madeira), produz energia (luz e calor), pode se “reproduzir” causando um incêndio e “morre” quando seu alimento acaba...
a)    Que argumentos você usaria para convencer a criança de que o fogo não é um ser vivo?

  1. Um pesquisador estava analisando a composição química de um tipo de molécula, cuja amostra foi extraída de uma determinada região celular. Ele conseguiu detectar a presença de uracila na amostra, além de outras bases nitrogenadas.
a)    Que tipo de molécula o pesquisador estava analisando? Justifique sua resposta.
b)    De que região (ou regiões) celular(es) pode ter sido obtida a molécula, considerando que ele estava analisando material extraído de uma planta? Justifique.
  1. Cite dois exemplos de carboidratos e dois de lipídios e escreva as funções de cada.
  2. Observe a figura abaixo:
19
 


A figura sugere que as árvores, e por implicação a floresta do Maiombe, representam o pulmão do mundo e seriam responsáveis pela maior parte do oxigênio que respiramos. No que se refere à troca de gases com a atmosfera, podemos dizer que as árvores têm função análoga à do pulmão dos vertebrados e são produtoras da maior parte do oxigênio que respiramos? Justifique sua resposta.
  1. Muito se tem comentado sobre o aquecimento global, e um dos assuntos mais debatidos é o aumento do aquecimento provocado por emissões de CO2 e sua relação com o efeito estufa. Um dos métodos mais discutidos para neutralizar o CO2 consiste na realização de cálculos específicos para saber quanto CO2 é lançado na atmosfera por determinada atividade, e quantas árvores devem ser plantadas para absorver esse CO2. Por outro lado, sabe-se que se, por absurdo, todo o CO2 fosse retirado da atmosfera, as plantas desapareceriam do planeta.
a)    Explique (...) por que as plantas desapareceriam se todo o CO2 fosse retirado da atmosfera.
b)    Considerando o ciclo do carbono esquematizado na figura abaixo, identifique e explique os processos biológicos responsáveis pelo retorno do CO2 para a atmosfera.


  1. Leia os versos a seguir e responda o que se pergunta (Caetano Veloso):
"Luz do sol,
Que a folha traga e traduz,
Em verde novo,
Em folha, em graça, em vida,
Em força, em luz".
a) A qual processo metabólico das plantas o poeta está se referindo?
b) Que estruturas e moléculas orgânicas devem estar presentes nas células desses organismos e que são indispensáveis para realizar este processo?
c) Qual é a equação geral deste processo e que comparação pode-se fazer com a equação geral da respiração celular aeróbica?
d) Se você tivesse que escolher entre duas lâmpadas, uma azul e outra verde, para iluminar as plantas de um aquário, qual seria a escolha correta, objetivando-se uma maior eficiência do processo cujo nome é solicitado no item A desta questão? Por quê?




  1. A figura abaixo representa dois processos biológicos realizados por organismos eucarióticos.


a) Complete a figura, escrevendo o nome das organelas citoplasmáticas (i e ii) em que tais processos ocorrem.
b) Na figura acima, o fluxo da matéria está representado de maneira cíclica. O fluxo de energia nesses processos pode ser representado da mesma maneira? Justifique.

  1. Paulo considerou incoerente afirmar que as plantas promovem o sequestro de carbono pois, quando respiram, as plantas liberam CO2 para a atmosfera. Consultando seu professor, Paulo foi informado de que a afirmação é:
a)    Correta. O tempo durante o qual as plantas respiram é menor que aquele durante o qual realizam a fotossíntese, o que garante que consumam mais CO2 atmosférico que aquele liberado.
b)    Correta. O tempo durante o qual as plantas respiram é o mesmo que aquele durante o qual realizam a fotossíntese, contudo, a taxa fotossintética é maior que a taxa de respiração, o que garante que consumam mais CO2 atmosférico que aquele liberado.
c)    Correta. Embora as plantas respirem por mais tempo que aquele empregado na fotossíntese, esta permite que as plantas retenham o carbono que é utilizado na constituição de seus tecidos.
d)    Incorreta. As plantas acumulam carbono apenas durante seu crescimento. Em sua fase adulta, o tempo durante o qual respiram é maior que aquele durante o qual realizam fotossíntese, o que provoca a reintrodução na atmosfera de todo CO2 que havia sido incorporado.
e)    Incorreta. Além de a respiração e a fotossíntese ocorrerem em momentos diferentes e não coincidentes, o volume de CO2 liberado pela respiração é o mesmo que o volume de CO2 atmosférico consumido pela fotossíntese.

  1. Os fósseis são uma evidência de que nosso planeta foi habitado por organismos que já não existem atualmente, mas que apresentam semelhanças com organismos que o habitam hoje.
a)    Por que espécies diferentes apresentam semelhanças anatômicas, fisiológicas e bioquímicas?
b)    Cite quatro características que todos os seres vivos têm em comum.


  1. Uma planta foi retirada do seu habitat. Embora seja adulto, não floresce no novo habitat. Como você pode plantar esta planta?




AS ÁREAS DE ESTUDO DA BIOLOGIA


Existe enorme diversidade de seres vivos em nosso planeta. As técnicas para estudá-los têm sido cada vez mais aprimoradas, gerando não só conhecimentos novos, como também reformulações de conceitos já estabelecidos. Com isso, aumenta a cada dia as informações sobre os seres vivos, resultando na subdivisão da Biologia em áreas de especialização. Em cada área, os pesquisadores concentram esforços buscando entender melhor os complexos mecanismos que regem o mundo vivo.

No entanto, é importante frisar que essas subdivisões não são compartimentos estanques, havendo grande inter-relacionamento entre elas. Muitas vezes os conhecimentos de uma área são necessários para a melhor compreensão de certos aspectos de outras áreas, como a Bioquímica e a Biofísica, que necessitam de conhecimento de Química e Física, respectivamente. A Matemática também é muito importante para a Biologia, especialmente em áreas como a Genética, a Evolução e a Ecologia.

A Biologia estuda todos os níveis de organização dos seres vivos e pode ser dividida nas seguintes especialidades (entre parênteses aparecem as palavras gregas ou latinas que deram a origem ao termo científico e seu significado):

  • Anatomia (anatomié = corte = dissecção): estuda a estrutura e a forma de células, tecidos, órgãos ou sistemas.
  • Citologia (kytos = célula; logos = estudo): estuda a célula, tanto sob ponto de vista estrutural (morfológico ou anatómico) quanto sob o funcional (fisiológico). A Citologia envolve muitos aspectos de Biologia molecular e de Bioquímica.
  • Ecologia (oikos = casa, ambiente): estuda as relações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente.
  • Embriologia (embryon = embrião): estuda a formação e o desenvolvimento dos organismos.
  • Evolução (evolutione = ação de desenrolar): estuda os possíveis mecanismos pelos quais os seres vivos sofreram e ainda sofrem modificações, dando origem a espécies novas.
  • Fisiologia (physis = natureza, função): estuda o funcionamento de células, tecidos, órgãos e sistemas.
  • Genética (geneticos = que gera): estuda a natureza química do material hereditário, os mecanismos de sua transmissão ao longo das gerações e os modos de acção desse material.
  • Histologia (histos = tecido): estuda os tecidos (vegetal e animal) sob os pontos de vista estrutural e fisiológico.
  • Paleontologia (palaios = antigo; ontos = ser): estuda os fósseis, que são registos da presença de seres vivos em épocas remotas da Terra; eles possibilitam a reconstrução da história da vida no planeta.
  • Taxonomia (taxis = arranjo, ordem; nomos = lei) e Sistemática: estudam as prováveis relações de parentesco entre os seres vivos, classificando-os em grupos de acordo com suas semelhanças.
 A Biologia pode também ser dividida de acordo com o tipo de organismo estudado. Nesse caso, temos: 
  • Botânica (botanikós = relativo às ervas): estuda as plantas.
  • Zoologia (zoon = animal): estuda os animais.
  • Microbiologia (mikros = pequeno; bios = vida): estuda os microorganismos.
  • Micologia: estuda os fungos.Protistologia: estuda os protistas


O MÉTODO CIENTÍFICO EM BIOLOGIA



O(A) professor(a) de biologia, ou seja, o futuro professor, deve ser uma pessoa curiosa, crítica, interessada na natureza e nos seres vivos em geral, dotado de espirito investigativo, querendo sempre entender como “as coisas” funcionam e manter-se sempre actualizado.
Bertelli 2010


Uma característica básica do ser humano é o ponto de partida de todo trabalho científico: a curiosidade. O cientista trabalha numa constante busca dos “porquês” e os “comos” de tudo que nos cerca.

O fazer ciência exige mais do que a simples observação de factos, busca a explicação de sua existência mas requerer as consequências de sua ocorrência. O cientista além de acumular informações, indaga as relações entre os fatos observados para possibilitar a compreensão da natureza e a aplicabilidade de suas descobertas.

A Biologia, como toda ciência, busca respostas e interpretações para o que ocorre na natureza, ou seja, para os factos. A ciência começou a surgir, na Europa, entre os séculos XV e XVI, durante o Renascimento. A própria palavra ciência deriva do latim e significa conhecer, saber. A ciência é uma forma de conhecimento que usa métodos rigorosos para explicar os fenómenos naturais.

Essa busca do saber, do conhecer, entretanto, tem que ser feita com critério, e esse critério é o método científico.

Os cientistas são pessoas que fazem ciência e, como regra, têm grande capacidade de observação e grande desejo de saber o porquê das coisas. São, assim, grandes curiosos da natureza.

Observar é fundamental para se fazer ciência. Os cientistas começam suas investigações dessa maneira. Observam criticamente os factos e fazem perguntas sobre eles, buscando entendê-los. Depois de feita a pergunta, procuram formular possíveis respostas. Essas respostas são as hipóteses.

Ao formularem uma hipótese, os cientistas procuram reunir várias informações disponíveis sobre o assunto. Uma vez levantada a hipótese, eles fazem uma dedução: prevêem o que pode acontecer se a hipótese for verdadeira.

Essa dedução é testada mediante novas observações ou experimentações. Isso permite que se tirem conclusões a respeito das deduções. Se confirmadas, elas são aceitas; se não confirmadas, são rejeitadas e novas hipóteses são formuladas para serem testadas.


Podemos citar as seguintes etapas do método científico

1. Observação
O cientista não deve apenas observar de forma contemplativa os factos, mas de forma “crítica”. Assim é o início do fazer ciência, observando criticamente os factos: fazendo perguntas sobre eles na tentativa de entendê-los.

2. Identificação de um problema (Questionamento)
Através de uma observação crítica e de perguntas pertinentes é possível isolar um problema que espera solução. Problema: é o centro daquilo que se pretende investigar. A decisão de investigar o problema depende de ele ser testável.

3. Levantamento de dados: para entender o que se pretende investigar, é necessário levantar informações relacionadas ao fenómeno.

4. Elaboração de uma hipótese
Após a reunião de informações sobre um fenómeno, elas são rigorosamente analisadas e interpretadas, levando o cientista a formular uma hipótese científico. A hipótese científica se constitui numa tentativa de explicação do fenómeno. Não é a solução definitiva.

Evidentemente, uma hipótese científica não é um simples palpite, mas tem como base informações já conhecidas sobre o assunto. Durante a sua formulação, o cientista analisa, interpreta e reúne todas as informações disponíveis, processo conhecido como “indução”.

5. Dedução
Uma hipótese somente poderá ser aceita de passível de teste.
O cientista, então, imagina a aplicabilidade da hipótese, se for verdadeira, e suas consequências. Assim ele fará uma dedução, prevendo o que irá acontecer.

6. Experimentação científica
Teste da dedução ou novas observações para testar a dedução. Ao se realizar a experimentação, deve-se trabalhar com um grupo:
  • Experimental: aquele em que se promove alteração em um factor a ser testado, deixando todos os demais factores sem alteração;
  • Controle: que é submetido aos factores sem nenhuma alteração. Assim, pode-se testar um factor por vez e comparar os resultados obtidos no grupo experimental com o que foi obtido no grupo controle. Ocorrendo diferenças entre os resultados do grupo experimental e do controle, elas são atribuídas ao factor que está sendo testado. Não ocorrendo diferenças, pode-se dizer que o factor analisado não interfer no processo em estudo.

Experimentos não se constituem, no entanto, no único caminho para se testarem hipóteses. Elas também podem ser testadas pela simples observação ou pela análise da consistência da seu lógica interna. O uso da matemática tem permitido a realização de testes equivalentes aos da experimentação, baseados apenas na observação.

6. Conclusão

Após o teste da dedução através de novas observação ou experimentos, é possível tirar conclusões a respeito da mesma. Se não for confirmada, é rejeitada e novas deduções são formuladas para serem testadas. Se confirmada, ela será aceita.

7. Publicação
As descobertas e conclusões científicas são publicadas em revistas científicas, nas quais o cientista descreve em detalhes a pesquisa realizada, como elaborou e testou as hipóteses, e, como chegou às suas conclusões.

Um trabalho científico deve ser claro o suficiente para que qualquer pessoa, com os mesmos recursos do autor, possa repeti-lo e comprovar sua veracidade.

Todo conhecimento para ser considerado científico deve ser tornado público, para que seja acessível a todos.
 
8. Teoria
Se uma hipótese for confirmada por grande número de experimentações, então ela pode se tornar teoria, embora nunca seja considerada verdade absoluta.

Um aspecto importante da ciência é que os conhecimentos científicos mudam sempre, e com base no método científico novas teorias são formuladas, muitas vezes substituindo outras anteriormente aceitas. Uma teoria pode ser mudada frente a novas descobertas. A teoria é um conjunto de conhecimentos mais amplo que procura explicar fenómenos abrangentes da natureza, como é o caso da Teoria da Gravitação Universal, que procura explicar os movimentos dos corpos com base na força de gravidade.

Um importante biólogo americano, Stephen J. Gould (1941-2002), escreveu: “os factos são dados do mundo. As teorias são estruturas que explicam e interpretam os factos. Os facto continuam a existir enquanto os cientistas debatem teorias rivais para explica-los. A Teoria da Gravitação Universal de Einstein tomou o lugar da de Newton, mas as maças não ficaram suspensas no ar, aguardando o resultado.”.

Importante

Método: é o caminho a ser trilhado pelos pesquisadores na busca do conhecimento.
Hipótese: consiste na tentativa de explicação de um fenómeno isolado.
Teoria: é um conjunto de conhecimentos mais amplos, que procura explicar fenómenos abrangentes na natureza. A teoria ou sistema é a síntese de leis particulares ligadas por uma explicação comum.
Lei: é a comprovação científica da relação causa e efeito prevista pela hipótese.

O método científico no cotidiano

O método científico pode ser aplicado em várias situações de nosso dia-a-dia. Vamos dar aqui apenas um exemplo, mas você pode citar muitos outros.

Suponhamos a seguinte situação: o carro para de funcionar no meio da rua.
Esse é um facto que ocorreu e que observamos. Agora, usando o método científico, vamos tentar entender por que o carro parou.

§  Perqunta ou questionamento: o que será que causou isso?
§  Hipótese: a gasolina deve ter acabado.
§  Verificação da hipótese: observar o marcador de combustível e verificar quantos quilómetros o carro percorreu desde a última vez em que o tanque de combustível foi abastecido.
O marcador está no zero, e o carro percorreu quilómetros suficientes para o combustível ter acabado.
Coloca-se combustível e o carro começa a funcionar.
  • Conclusão: a hipótese foi corroborada: a gasolina havia acabado.


Outros exemplos:
Suponha que você esteja em aula, na sua sala, e repentinamente você percebe fumaça entrando pelo alto da janela, vinda do corredor. A janela é alta e você não consegue observar do outro lado. Como você investigaria esse facto, utilizando todas as etapas do método científico?



O método científico no experimento de Redi: a carne podre gera “vermes”?

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

PARTE I - ORIGEM E EVOLUÇÃO DA BIOLOGIA





Origem da Vida








Diversidade Biológica e Filogenia







Introdução à Botânica






Botânica em Angola

Floresta do Maiombe 1

Floresta do Maiombe 2


Floresta de Cumbira


Deserto do Namibe 1

Deserto do Namibe 2


Jardim Botânico da cidade do Huambo

domingo, 6 de agosto de 2017

PARTE I - HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA BIOLOGIA - INTRODUÇÃO À BOTÂNICA - BOTÂNICA EM ANGOLA

BOTÂNICA/CIÊNCIA DAS PLANTAS/BIOLOGIA VEGETAL.
BOTÂNICA GERAL
Conferência # 1, 2 e 3
I. Historia da Evolução da Biologia
II. Introdução à Botânica
III. O Estudo da Botânica em Angola

Análise etimológica do conceito de Biologia
bio (vida); logo (estudo, conhecimento)

A Biologia pode ser definida como o conjunto de todas as ciências que estudam as espécies vivas e as leis da vida

P. Porque estudar a biologia?

Com essa ciência, descobrimos explicações para uma série de fenômenos, compreendemos melhor o que está acontecendo no mundo e podemos participar, de forma esclarecida, de decisões que afectam toda a coletividade.

Decidir sobre questões que envolvem a destruição dos ecossistemas, o aquecimento global, a perda da biodiversidade, o destino do lixo ou os alimentos transgênicos,, por exemplo,, exige um conhecimento básico de Biologia. 

O estudo dessa ciência pode ser feito de vários níveis de organização dos seres vivos: Átomos – Moléculas – Organelas – Células – Tecidos – Órgãos – Sistemas – Organismo – População – Comunidade - Ecossistemas - Biosfera

I. Historia da Evolução da Biologia
P: Porque fazer um histórico sobre a evolução da Biologia? Porque falar sobre isso?

 Entender o passado nos auxilia a entender o presente e também a nos preparar para o futuro. A percepção do mundo dinâmico do conhecimento mudando é fundamental, para a gente entender como chegamos até aquí e estamos preparados para o futuro que vira, certamente com mudanças.
Por outra, é importante que você perceba que estamos passando por um momento de transição e de grandes descobertas. A verdade científica está sempre sendo construída: ela é transitória e efémera.

 A “Afinal, o que é o homem dentro da natureza? […]

é-lhe impossível ver o nada de onde saiu e o infinito que o envolve.[…]

O autor destas maravilhas conhece-as; e ninguém mais”. (Blaise Pascal)

P. Qual é a origem da vida? Como tudo começou? Quais as teorias que explicam a origem da vida?

- Origem do Universo: teoria da grande explosão “Big Bang” – 13,7 bilhões de anos, o universo teria surgido após uma grande explosão cósmica, entre 10 e 20 bilhões de anos atrás. Surgimento da vida na Terra: aproximadamente 3,5 bilhões de anos.


Video 1 - Origem da vida

P. Quais são as teorias sobre a origem da vida?
Estudiosos mais antigos acreditavam que os seres vivos surgiam espontaneamente da matéria bruta – a hipótese da geração espontânea, também chamada de abiogênese. Entretanto, por meio de diversos experimentos executados por cientistas, como Redi, Needham, Spallanzani e Pasteur, foi possível descartar essa hipótese, adotando a biogênese, que afirma que os micro-organismos surgem a partir de outros preexistentes.

- Abiogénese/Geração espontânea: hipótese que afirma que os seres vivos podem surgir da matéria sem vida (força vital). “Os seres vivos originam-se espontaneamente da matéria bruta”.
i. Poças de água davam origem a peixes;
ii. Cadáveres originavam moscas;
iii. Roupas suadas geram ratos em 21 dias.
AdeptosVon Helmont (1600) - John Needhan (1745)




Biogénese: comprovou que mesmo existindo condições essenciais à vida (ar, água e nutrientes), os seres vivos não podem surgir a partir da matéria unanimada. “Os seres vivos originam-se de outros seres vivos.”
AdeptosFrancesco Redi (1660) - Lazzaro Spallanzani (1770) - Louis Pasteur (1860)

Segundo a hipótese da evolução química a abiogénese já aconteceu uma vez na Terra primitiva quando se formou o primeiro ser vivo. Na actualidade em função das condições da atmosfera não é possível acontecer este fenómeno

P. Quais são as hipóteses sobre a origem da vida
Inicialmente, sem método científico ou tecnologias que lhes permitissem uma melhor investigação do mundo ao seu redor, os humanos atribuíam os fenômenos para os quais não tinham explicação às forças divinas. Porém, com o tempo e os diferentes avanços científicos, novas tentativas de explicações sem cunhos religiosos foram surgindo. Vamos estudá-las?


A) Origem por criação divina (fixismo, criacionismo):
Essa corrente afirma que os seres vivos foram criados individualmente por uma dinvidade e que desde então possuem a mesma forma com que foram criados.
Criacionismo e fixismo: Criacionismo é a teoria que considera que todos os seres vivos foram criados a partir de intervenção divina. Várias culturas e religiões seguem esta ideia. E, até pouco tempo atrás, esta era uma ideia também aceita no meio científico.

Até o século XVIII a maior parte dos cientistas acreditava que cada espécie havia surgido na Terra independentemente, sem parentesco entre si e que suas características permaneciam inalteradas ao longo do tempo. A estas ideias, damos o nome de teoria fixista.

Atualmente, a ciência admite duas hipóteses para explicar a origem da vida em nosso planeta. Entre elas: Panspermia (Origem extraterrestre) e a Origem por evolução química.

B) Panspermia cósmica/Cosmogenia: a vida se originou em outro planeta e trazida para Terra por meteoros.

A hipótese da origem extraterrestre, também chamada de panspermia, defende que os seres vivos não surgiram na Terra, mas em outros planetas. Eles foram trazidos para a superfície terrestre através de esporos ou outras formas resistentes. Essa teoria surgiu no século XIX e início do século XX, um dos seus primeiros defensores foi o físico irlandês William Thomson e o químico sueco Svante August Arrhenius


Panspermia ou cosmogenia: Hipótese que diz que a vida teve origem em outro planeta e foi trazida para o planeta Terra carregada por meteoros que trazia formas de vida bastante simples. Atualmente esta é uma teoria desacreditada, principalmente pelo fato de que ela transfere o “problema” da origem da vida para outro planeta.

C) Origem por evolução química

 A hipótese da origem por evolução química, também conhecida como teoria da evolução molecular, foi argumentada inicialmente pelo biólogo inglês Thomas Huxley, sendo que na década de 1920, ela foi aprofundada pelos cientistas Oparin e Haldane.

Embora tenha respondido a uma grande questão, a biogénese não explica como ocorre o processo de surgimento de uma espécie a partir de outra. Assim, existem algumas explicações para tal, sendo a origem por evolução química a mais aceita pela categoria científica. Essa teoria propõe que a vida surgiu a partir do arranjo entre moléculas mais simples, arranjo esse aliado a condições ambientais peculiares, o que resultou na formação de moléculas cada vez mais complexas até o surgimento de estruturas dotadas de metabolismo e capazes de se autoduplicar, dando origem aos primeiros seres vivos. Oparin, Haldane e Miller são os precursores dessa hipótese.

Os defensores dessa teoria acreditam que a vida na superfície terrestre tenha ocorrido a partir de uma evolução química, como o nome da teoria já propõe. De acordo com eles, compostos inorgânicos como carbono, hidrogénio, oxigénio, nitrogénio, fósforo, entre tantos outros, foram se combinando, originando moléculas orgânicas como aminoácidos, açúcares etc. À medida que o tempo passou, essas moléculas orgânicas formadas também foram se combinando, originando moléculas mais complexas, como proteínas, carbohidratos, entre outros. Ainda segundo essa teoria, essas moléculas adquiriram tamanha complexidade que conseguiram se duplicar originando outras moléculas.

Tanto os defensores da panspermia quanto os defensores da origem por evolução química acreditam que o surgimento da vida na Terra só foi possível por haver condições favoráveis a isso, como água em estado líquido, moléculas orgânicas e fonte de energia. Entretanto, os defensores da teoria da origem por evolução química acreditam que a Terra primitiva oferecia essas condições favoráveis, portanto, não seria necessário ir para fora do planeta para tentar explicar a origem dos seres vivos.
Algumas das ideias de Alexander Oparin acerca da origem da vida foram comprovadas experimentalmente por Stanley Miller e Sidney Fox. 

P. Como evoluiu o metabolismo dos primeiros seres vivos?

Hipótese heterotrofica e autotrófica sobre a origem da vida


Hipótese heterotrofica (com maior aceitação no meio científico)


Hipótese autotrófica

Alguns cientistas acreditam que o primeiro ser vivo era autotrófico. Dois motivos justificam sua ampla aceitação: 1) até o surgimento da fotossíntese, o planeta provavelmente não apresentava moléculas orgânicas suficientes para sustentar as multiplicações dos primeiros seres vivos; 2) em razão da instabilidade do planeta, esses organismos só conseguiriam sobreviver se estivessem em locais mais protegidos, como fontes termais submarinas dos mares primitivos. Assim, a hipótese autotrófica sugere que os primeiros seres vivos surgiram primeiramente em ambientes mais extremos, nutrindo-se a partir da reacção entre substâncias inorgânicas, tal como algumas archaeas atuais: processo esse denominado de quimiossíntese. Essa hipótese sugere ainda que, a partir desses primeiros seres vivos, surgiram aqueles capazes de realizar fermentação, depois os fotossintéticos e, por último, os seres heterotróficos.
Acredita-se que esses primeiros indivíduos eram procarióticos, compartilhando diversas semelhanças com as arqueas. A célula eucariótica provavelmente surgiu há dois bilhões de anos.


P. Quais são os cientistas e suas concepções sobre origem da vida

1. Von Helmont (1600). Adepto da geração espontânea, o médico belga Jan Baptista Von Helmont, chegou até a elaborar uma “receita” para produzir ratos por geração espontânea. Dizia ele: “Enche-se de trigo e fermento um vaso, que é fechado com uma camisa suja. Um fermento vindo da camisa, transformado pelo odor dos grãos, transforma em ratos o próprio trigo”.
Video 2 - Experimentos de Von Helmont (1600)


2. Francesco Redi (1660). Utilizando métodos científicos, o médico italiano Redi, foi um dos primeiros cientistas a combater o empirismo dos adeptos da geração espontânea. Na época de Redi, uma das principais evidências da geração espontânea era o aparecimento “espontâneo” de larvas em carne podre. O cientista italiano, porém, estava convencido de que os tais vermes não surgiam espontaneamente da própria carne. Sua hipótese era de que eles surgiam de ovos colocados por moscas. Para testar sua hipótese sobre a origem das larvas, Redi colocou pedaços de carne em frascos de boca larga, deixando alguns frascos abertos e fechando os outros com gaze. Nos frascos abertos, onde as moscas entravam e saiam livremente, surgiam muitas larvas. Nos frascos fechados, onde as moscas não conseguiam entrar, não apareceu nenhuma larva.
Conclusão: As larvas surgiam dos ovos depositados pelas moscas que entravam nos frascos.







Video 3 - Experimentos de Redi, Needhan, Spallanzani e Pasteur (1960)
Video 4 - Experimentos de Francesco Redi (1960)




3. Antoine van Leeuwenhoek. Poucos anos depois da experiência de Redi, o holandês Leeuwenhoek munido de um microscópio, descobriu os micróbios. A descoberta dos seres microscópicos reanimou a hipótese da geração espontânea. Na época, ninguém supunha que formas tão primitivas de vida tivessem seus próprios métodos de reprodução. E, como se observava que esses minúsculos seres aumentavam rapidamente em número quando em contacto com soluções nutritivas, imaginou-se que a geração espontânea fosse a grande responsável por tal proliferação.

4. John Needhan (1745). A hipótese da geração espontânea, ganhou novo impulso com a publicação do livro de Needhan. Este cientista mostrou, através de vários experimentos, que em recipientes contendo vários tipos de infusões( soluções nutritivas para microorganismos) e submetidos a fervura, mantidos fechados ou não, apareciam microorganismos. Needhan afirmou que esse fenômeno ocorria devido à presença, nas partículas orgânicas da infusão, de uma “força vital, responsável pelo aparecimento das formas vivas microscópicas. Assim, com esses experimentos, Needhan contribuía para a teoria da geração espontânea.
Video 5 - Experimentos de John Needhan (1745)

5. Lazzaro Spallanzani (1770). Alguns anos mais tardes, o padre e pesquisador italiano Spallanzani realizou experimento semelhantes ao de Needham, mas obteve resultados totalmente diferentes. As infusões preparadas por Spallanzani, muito bem fervidas e cuidadosamente fechadas, continuavam livres de micróbios. Spallanzani, concluiu que o tempo de aquecimento utilizado por Needhan não tinha sido suficiente para esterilizar o caldo ou que a vedação utilizada por ele não tinha
sido capaz de impedir a contaminação do caldo por micróbios do ar. Os argumentos de Spallanzani não convenceram Needhan. Este respondeu que a fervura por tempo muito prolongado destruía a força vital, um misterioso princípio inerente à vida que devia existir no caldo.




Video 6 - Experimentos de Lazzaro Spallanzani (1770)

Comentário: A experiência de Spallanzani foi muito importante para o surgimento da indústria de alimentos enlatados.



6. Louis Pasteur (1860). Pasteur, através seus experimentos , conseguiu provar definitivamente que os seres vivos originavam-se de outros seres vivos. Observe a sua experiência. Simples, porém completa, essa experiência não permitiu contra-argumentação. Não impedia a entrada do eventual princípio ativo, pois mantinha os frascos abertos. Preservava, nos caldos nutritivos, a capacidade de desenvolver vida, o que acontecia quando os gargalos eram quebrados. A partir disso, os defensores da geração espontânea se calaram.Uma nova interrogação passou a predominar no meio científico: como surgiram os primeiros
organismos vivos.
Video 7 - Experimentos de Louis Pasteur (1860)


A hipótese de Oparin e Haldane


- O experimento de Miller

P. Quais são os momentos mais marcantes na história e evolução da biologia?
Da Antiguidade a Idade Moderna (4000 a.C. – 1789 d. C.)
-       Aristóteles (384-322 a.C.), considerado o pai da Biologia, fez os primeiros escritos do estudo dos seres vivos, organizando-os em dois reinos: Vegetal e Animal.
-       Teofrasto (372 a.C.-287 a.C.), sucessor de Aristóteles, considerado como o fundador da Botânica. Das 227 obras que chegaram aos nossos dias, duas delas são de botânica, De historia plantarum (História das plantas) ” e “De causis plantarum (Sobre as Causas das Plantas) ”. A primeira composta por nove (9) livros e a segunda composta por seis (6) livros. Mencionou cerca de 550 espécies e variedades de plantas e classificou as plantas em ervas, arbustos e árvores.
-       Robert Hooke (1653-1703), descreve em 1665 a estrutura celular das plantas
-       Marcelo Malpighi (1628-1694) demonstrou a sexualidade das plantas
-        Anton van Leeuwenhoek (1632-1723), descobre os espermatozóides.
-       Carl von Linné (Lineu) (1707 -1778), por meio do seu livro publicado em 1735, “Systema Naturae” ele propôs um sistema de classificação dos seres vivos que, embora artificial, é empregado até hoje, com modificações. Criou a nomenclatura binominal para designar espécies de organismos e estabeleceu as principais categorias que são usadas no sistema hierárquico da classificação biológica.
Percussores do transformismo:
-       Pierre Louis Moreau de Maupertius (1698-1759), fazendo experiências de hibridação através das quais verificou a existência de variedades no homem e nos animais. Não havia estabilidade de espécies; as que podiam ser observadas não eram exemplos de perfeição divina, apenas o produto de uma natureza mecânica.
-       Erasmus Darwin (1731-1802), conhecido como avô paterno de Charles Roberto Darwin. Seus trabalhos mais importantes foram:  “The Botanic Garden (1789-1791)”; “Zoonomia ou leis da vida orgânica (1792-1796)”; “Phytologia (1800)” e “The temple of nature (1803)”. Ele era favorável à idéia que uma espécie podia evoluir a partir de outra. Ele rejeitava a idéia da preformação e adotava o ponto de vista de que “a vida começava em um filamento” do macho e que o trabalho da fêmea era prover alimento para o desenvolvimento subseqüente.

Idade Contemporânea (a partir de 1789): principais acontecimentos que interferiram na história da Biologia:
-       Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829), Charles Darwin (1809-1882) e Alfred R. Wallace (1823-1913), mudam os paradigmas vigentes: o mundo não é constante e estático. Há mudanças continuas (evolução).
-       O marco foi a publicação de Charles Darwin, em 1849, “A Origem das Espécies por Meio da Selecção Natural”.
-       Em 1866, a genética dá os seus primeiros passos graças ao trabalho de um monge austríaco, Gregor Johann Mendel (1822-1884). Nesse ano, formulou as suas leis da hereditariedade que deram um grande apoio na teoria da evolução, através da explicação dos caracteres adquiridos. No entanto, na época a sua obra foi pouco valorizada, permanecendo na obscuridade durante 35 anos.
-       Em 1953, James Watson e Francis Crick, mostraram que a estrutura do DNA era em forma de dupla hélice
-       Muitos ramos da ciência desenvolveram a partir dessa época, temos de pelo menos mencionar muitas disciplinas relacionadas com a biologia, como, por exemplo:
-       Genética e evolução (as leis da hereditariedade/leis de Mendel, estrutura do DNA)
-       Microbiologia (Produção de vacinas, Produção de antibióticos, Produção de alimentos, Maior conhecimento dos processos infecciosos, Descobrimento de novos microrganismos, Contribuições ao conhecimento da evolução da vida)
-       Fisiologia (Maior conhecimento das múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos, Maior entendimento de como as funções fisiológicas mudaram ao longo da história evolutiva dos animais, Mecanismos de controle do meio interno.)
-       Bioquímica (Conhecimento dos mecanismos enzimáticos, Descobrimentos de novas enzimas, Descobrimentos de novas substâncias e vias metabólicas, Conhecimento dos mecanismos de produção de energia nos seres vivos)
§  Biologia Molecular (É desvendada a estrutura tridimensional da molécula de DNA. (1953), Verifica-se que o DNA se duplica de forma semiconservativa. (1958), Conceito de operação. (1960), O código genético é decifrado. (1966), É criada a técnica conhecida como PCR. (1985), Nascimento do primeiro clone de um mamífero adulto, a Ovelha Dolly. (1996)
-       Biotecnologia.
Sectores
Bens e Serviços
Agricultura
Adubo composto, pesticidas, mudas de plantas, plantas transgênicas, etc.
Alimentação
Pães, queijos, picles, cerveja, vinho, proteina unicelular, aditivos, etc.
Química
Butanol, acetona, glicerol, ácidos, enzimas, metais, etc.
Electrónica
Biosensores
Energia
Etanol, biogás
Meio Ambiente
Recuperação do petróleo, tratamento do lixo, purificação da água
Pecuária
Embriões
Saúde
Antibióticos, hormônios, vacinas, reagentes e testes para diagnóstico, etc.

Conclusões:
P. Que importância tem o estudo da história e evolução da Biologia na formação de um professor de Biologia?
A. Analisam e respondem.

P. Orientação da tarefa de aprendizagem:
1. Resumidamente redige um texto (máximo 3 paginas) assinalando os factos relevantes dos seguintes cientistas na história e evolução da biologia.
a) Charles Darwin           
b) Gregor Mendel        
c) Theophrastos
d) Carlos Lineu

II. INTRODUÇÃO À BOTÂNICA
botanē (= planta) que deriva do verbo “boskein” (= alimentar)
A Botânica é definida como o estudo científico da vida das plantas e outros seres vivos (algas, fungos, bactérias) que tradicionalmente são estudados por esta ciência.
Desenvolvimento:
P. Qual é seu objecto?
Caixa de texto: Objecto de estudo: dedica-se fundamentalmente ao estudo das plantas e por tradição e porque são normalmente considerados parte do currículo da área de botânica no curso de Licenciatura em Ensino da Biologia, as algas, fungos, bactérias e virus. 

                                      



P. Fala sobre a importância do estudo das plantas?
- Utilitária (alimentar, entender processos fundamentais, remédios e materiais)
- Ambiental (entender mudanças ambientais)
Como estudante de botânica e futuro professor de biologia, você estará em boa posição para compreender a importância dos problemas ecológicos e ambientais de todo dia, e essa compreensão o ajudará a construir um mundo melhor para se viver.
Permite também obter conhecimentos sólidos para a compreensão das próximas disciplinas.

P. Quais são os principais ramos de estudo da Botânica?
 









Anatomía Vegetal
 
                            
 












P. Como se originaram as plantas?
Dos diferentes grupos de algas actuais, as verdes são provalvemente as que mais se assemelham as plantas ancestrais.

Esta suposição se baseia na estreita relação filogenetica entre os dois grupos.
-       As comparações de DNA, tem mostrado que as algas verdes são os parentes vivos mais proximos das plantas.
-       Por exemplo, as algas verdes e as plantas utilizam o mesmo tipo de clorofila (a e b) e de pigmentos auxiliares a fotossintese, ambas armazenam alimento em forma de amido e suas paredes celulares estão constituidas por celulose.
-       Em contrapartida, os pigmentos fotossinteticos, as moléculas de armazenamento de alimentos e as paredes celulares de outros protistas fotossinteticos, como as algas vermelhas e as pardas, diferem em relação as plantas.
-       A maioria das algas verdes vivem principalmente em aguas doces, o que sugere que a historia evolutiva primitiva das plantas teve lugar em tornos da água doce.
-       Tal como, as algas modernas, os organismos que deram origem as plantas careciam de raizes, caules e folhas verdadeiras, assim como, de estruturas reprodutoras complexas, como as flores e os cones. Todas estas caracteristicas apareceram numa etapa posterior da historia evolutiva das plantas (Figura 1).
P. Diversidade das plantas e outros seres vivos estudados em Botânica


Grupo das plantas
Briofitas
Pteridofitas
Gimnospermas
Angiospermas

Outros seres vivos
Algas
 Fungos
 Bacterias
 vírus




III. O Estudo da Botânica em Angola
P. Fale sobre a história da Botânica em Angola
O uso de plantas em benefícios da humanidade, vem desde a pré-historia.
A nível de Angola: com os primeiros habitantes: Khoisan, Vátuas e o povo Bantu

Antes da independência
Início dos estudos científicos: Final do século XVII e início do século XVIII
 - Colheita dos primeiros espécimes botânicos por britânicos. Sendo constituídos por quatro pequenas colecções que se encontram integradas no herbário do Museu Britânico de Londres:
-       Mason, em 1669 (Dondo-Luanda), e consta de 36 exemplares,
-       Kirkwood (1696–1699 – Cabinda)
-       Gladman (C:? 1690)
-       Brown (1706-1707).

SÉCULO XVIII – início do estudo da flora angolana pelos portugueses
Estudos feitos por Joaquim José da Silva (1783 a 1787).
As suas colheitas (nas vizinhanças de Benguela) encontram-se depositadas no Museu Real da Ajuda em Lisboa, foi transferida para Paris durante a ocupação de Portugal pelas forças Napoleónicas.


SÉCULO XIX
Em 1824 é descrita a primeira planta angolana na literatura científica: Maerua angolensis DC.
Realiza-se a primeira grande exploração botânica de Angola, realizada em 1852, por Friedrich Welwitsch (1853 a 1861) Welwitsch depois de ter percorrido as regiões de Luanda, Cuanza Norte, Malanje, Benguela e Huíla, decidiu percorrer o sul do pais, onde em 1859 explorando o deserto do Namibe, e numa zona rochosa e árida que deu com aquela que viria a ser uma das plantas mais raras encontrada até então. Os nativos chamavam-lhe de N´lumbo e por isso Friedrich Welwitsch chamou-lhe Tumboa bainesii. Um nome que mais tarde seria alterado para Welwitschia mirabilis, para homenagear o homem que a descobriu.

Localização das colecções de Welwitsch:
Herbário de LISU da Faculdade de Ciências de Lisboa
Museu Britânico de Londres.
Herbários de Berlim, Coimbra, Kew, Paris, S. Petersburgo e Viena.
Século XX
Durante o século XX, botânicos, ecologistas, missionários, fazendeiros e muitos cientistas de visita em Angola contribuíram para o aumento das colecções nos herbários europeus e nas instituições científicas angolanas.
-       John Gossweiler (1873–1952)
-       Outros colectores como Carrisso, Exell e Mendonça, também contribuíram para o estudo da flora angolana durante esse período, não só no âmbito da Missão Botânica de Angola mas também fazendo o estudo das diversas colecções botânicas anteriormente realizadas, de modo a lhes servirem de referência nos sucessivos fascículos que foram sendo publicados do Conspectus Florae Angolensis
-       Posteriormente a 1950, muitos têm sido os colectores que realizaram explorações botánicas: Brito de Teixeira, notabilizou-se deixando uma valiosa colecção botânica com mais de 13000 números. Brito de Teixeira prestou serviço de 1949-1969 em Angola, encontrando-se a maioria da sua colecção de plantas no Herbário do Instituto de Investigação Agronómica da Chianga, no Huambo, no Herbário do Instituto Botânico da Universidade de Coimbra e no Herbário do Instituto de Investigação Científica Tropical de Lisboa, Portugal.


- Da independência- actual
Na sequência da independência em 1975 e das quase três décadas de guerra civil que se seguiram, existiram poucas oportunidades para desenvolver trabalho de campo e a atenção do governo teve de se virar para prioridades socio-económicas e de segurança. Em consequência, os contributos sobre o estudo e divulgação da flora esmoreceram.

Nos anos de 1977, 1982 e 1993, foram divulgados os últimos volumes do Conspectus Florae Angolensis (Foto )

Século XXI

-       Checklist das Poaceae de Angola pelos autores Esperança Costa, Teresa Martins e Francisca Monteiro (2004)
-       Plantas ameaçadas em Angola, a publicação de Esperança Costa, André Dombo e Manuela Pedro (2009)
-       Plantas medicinais, destacamos a publicação de Esperança Costa e Manuela Pedro (2013)

III. Lacunas de informação sobre vegetação angolana

A informação sobre a biodiversidade em Angola é escassa, pelo que a investigação é considerada uma prioridade, uma vez que, Angola foi abençoada com uma biodiversidade invulgarmente rica. Em termos de espécies registadas tem, pelo menos, 6 961 plantas, 275 mamíferos, 915 aves (catalogadas) e 266 peixes de água doce. É de salientar que a diversidade da fauna (vertebrados) angolana tem sido mais exaustivamente estudada do que os recursos botânicos do país.

A redução de habitats florestais, as elevadas taxas de deflorestamento e as queimadas descontroladas podem ser um factor de risco importante cuja dimensão é necessário estudar.

Tabela 1 – Divulgação da flora Angolana antes da independência: Conspectus Florae Angolensis
Volumes
Fascículos (Famílias)
Total
Ano da Publicação
I
Ranunculaceae-Malvaceae
55
20-01-1937
Malvaceae-Aquifoliaceae
20-08-1951
II
Celastraceae-Connaraceae
10
20-05-1954
[Balsaminaceae]; Leguminosae (Caesapinioideae-Mimosoideae)
20-04-1956
III
Leguminosae-Papilionoideae:
Genisteae-Galegeae
09
30-01-1962
Leguminosae-Papilionoidea:
Hedysareae-Sophoreae
29-04-1966
IV
Rosaceae-Alangiaceae
29
14-08-1970
Pteridophyta

27
25-08-1977
Família 70
Crassulaceae
1
25-11-1982
Familia 122
Bignoniaceae
1
1993
Total Geral
122



 
 
Figura . Volumes do Conspectus Florae Angolensis, publicadas no período de 1937-1993. A. Volume I; B. Volume II; C. Volume III; D. Volume IV; E. Volume Único: Pterydofitas; F. Familia 30: Crassulaceae e G. Familia 122: Bignoniaceae.

 


C
 

B
 

A
 
  
Figura 1. Algumas obras literárias relevantes para o conhecimento da flora Angolana publicadas na última década. A. Costa e Pedro. 2013. Plantas Medicinais de Angola; B. Costa, Dombo & Pedro. 2009. Plantas Ameaçadas de Angola; C. Costa, Martins & Monteiro. 2004. Checklist das Poaceae de Angola.



Nome Científico
Nome comum
Categoria de conservação
Crotalaria bamendae

VU
Dalbergia melanoxilum
Ébano africano
BR
Entandrophragma angolense

DD
Entandrophragma candollei
Cedro kokoti (I)
VU
Entandrophragma cylindircum
Sapele (I)
VU
Entandrophragma utile

VU
Mikaniopsis vitalba

VU
Milicia excelsa
Iroko
BR
Monardithemis flava

VU
Nauclea diderichii

DD
Neritinia oweniana

DD
Phrynobatrachus brevipalmatus

DD
Prunus africana

VU
Pterocarpus angolensis
Kiaat, Mukua (I)
BR
Raphia regalis

VU
Swartzia fistuloides
Pau rosa, pau ferro
ER
Tapinanthus preussii

VU
Turraeanthus africanus

VU
Fonte: Red Data List IUCN, 2004 ; (I) Inglês